Museus e centro culturais são espaços para compartilhamento de conhecimento em diversas disciplinas. Abertos ao público desde o século XVIII, a interação das pessoas com estes edifícios e exposições passou por mudança, assim como a forma em que pensados e desenhados.
Anteriormente visitados exclusivamente pela busca de conhecimentos e por um grupo mais elitizado, hoje museus e espaços culturais são considerados lugares de encontros e frequentados por diferentes grupos sociais. Passou a ser visto como oportunidade de demonstrar seus interesses às pessoas queridas, seja convidando amigos ou via redes sociais. Assim como seu uso, as expectativas e demandas sobre estes edifícios se atualizaram.
Construções contemporâneas como o Guggenheim in Bilbao se tornaram tão esculturais que muitas vezes são visitados pelo edifício em si mais do que pelo acervo que abriga. Sendo já concebidos para incorporar a nova demanda da sociedade.
Desta forma, a percepção e sensações do prédio tornam-se grande parte da visita, que já se inicia do lado de fora, antes mesmo de adentrar nestes espaços culturais.
Assim, se a iluminação já era importante, passou a ter um papel mais central na experiência da visita a estes locais. Logo na fachada, a luz pode destacar elementos arquitetônicos do edifício ou ainda transmitir impressões que o visitante possa vir a sentir com as exposições em curso. Na iluminação interna, soluções visam valorizar tanto a arquitetura do prédio como as obras expostas.
No Städel Museum (Frankfurt), a iluminação interna compõe a externa, sendo um cartão de visitas para o espectador.
Projeto de Licht Kunst Licht. Fonte: Zumtobel
Espaço Humanar – iluminação indireta valoriza a arquitetura do antigo galpão industrial e projetores em trilhos destacam as obras de arte. Projeto de Renata Bodi.Fonte: Renata Bodi
Não há uma receita ou única maneira de destacar obras de arte, podendo variar de caso a caso a distribuição de luz desejada. As imagens abaixo exemplificam algumas
das formas distintas de iluminar uma parede:
Efeito wallwhaser. Fonte: Zumtobel
Efeito wallshaer mais luz focal com variações de abertura de facho.
Luz focal com variações de abertura de facho
Efeito Wallwasher e enquadramento de imagens.
A narrativa criada pela luz pode auxiliar o visitante a percorrer o espaço. Entre algumas das variações consideradas pela iluminação para definir a experiência do usuário podemos citar tonalidade da luz e controle de contraste, respeitando a hierarquia entre diferentes superfícies. Também é preciso atentar para a precisão na reprodução de cor, a qualidade da fonte de luz e o impacto que ela venha a ter na preservação das obras.
Com evolução de tecnologias, principalmente o uso do led como fonte de luz branca, a indústria aumentou o leque de possibilidades na iluminação de obras de arte. Além de dimensões reduzidas das luminárias, favorecendo sua incorporação à arquitetura e mobiliários, os produtos passaram a ter mais flexibilidade no controle de saturação, intensidade do fluxo e dinamismo na tonalidade e cor.
Assim como a indústria, os profissionais da luminotécnica também passaram a estudar novas estratégias de iluminação em museus e galerias. O “Método Monza”, por exemplo, criado por Francesco Iannone e Serena Tellini (Consuline, Milão), alia tecnologia às descobertas da neurociência. Este Método relaciona cores com o sistema de percepção humana, misturando fontes de luz com diferentes características a fim de valorizar de forma precisa e individual cada obra de arte.
Também é tirado proveito da iluminação dinâmica, alterando a temperatura de cor gradualmente, resultando em fases na percepção do usuário com o destaque de diferentes elementos e cores em momentos distintos. Como resultado desta narrativa criada pela luz, o visitante observa o objeto iluminado por mais tempo. Estes efeitos foram testados em um workshop realizado no Kunsthistorisches Museum (museu de arte e história) em Vienna. Observe o quadro é iluminado de diferentes maneiras e como elas variam no destaque da mesma imagem.
1-Obra iluminada somente com a luz geral do ambiente.
2-Luz focal, abertura de facho 34º 3000K orientada para parte esquerda inferior.
3- Luz focal, abertura de facho 20º 4000K orientada para parte direta superior.
4- Combinação das situações 2 e 3.
Como resultado, tem aumentado a necessidade de estudos e projetos detalhadamente pensados para espaços tão ricos e individuais. O trabalho em conjunto entre arquitetos, lighting designers e fornecedores pode criar experiências únicas na apreciação de arte e arquitetura.
Imagem Destaque: Iluminação Museu do Amanhã