O brise-soleil é um elemento clássico da arquitetura, muito útil para as construções de países de clima quente e de clima tropical.
Eles ajudam a barrar parte da radiação que incide sobre os vidros de uma edificação, melhorando assim o conforto térmico.
Infelizmente há muito tempo o mercado abandonou essa prática. Porém, quando observamos a arquitetura modernista nas décadas de 50, 60 e 70, há um importante uso de brises como um elemento fundamental para a manutenção do conforto térmico dentro dos edifícios.
Diversos arquitetos brasileiros trabalharam muito bem em seus projetos elementos como o brise, o cobogó e o sombreamento. Um exemplo é o Lúcio Costa e seu conhecido projeto “Parque Guinle” no Rio de Janeiro (imagem abaixo).
Esse é um edifício residencial que trabalha muito bem os brises e cobogós.
Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
O conjunto Pedregulho no Rio de Janeiro do arquiteto Affonso Eduardo Reidy também utiliza cobogós como elemento sombreador:
(Fonte da imagem: o globo)
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, também do arquiteto Affonso Eduardo Reidy, utiliza a própria estrutura como elemento sombreador, tanto com elementos verticais quanto horizontais:
Imagem: Arquitetura Urbanismo Todos Org/
Imagem Destaque do Post: Divisare
O Edifício Palácio Gustavo Capanema do Niemeyer que teve consultoria do próprio Le Corbusier (um dos pais do brise no mundo) utiliza muito bem os brises tanto verticais quanto horizontais na sua fachada norte e dessa forma proporciona uma condição climática muito interessante podendo funcionar até com ventilação natural no clima do Rio de Janeiro.
Gustavo Capanema, ícone do modernismo mundial. Foto: Oscar Liberal / Iphan
Os irmãos Roberto também trabalharam muito bem a aplicação do brise, como vemos no edifício da associação brasileira de imprensa no Rio de Janeiro, utilizando brises verticais.
Imagem: Instituto Vladimir Herzog
Outro projeto muito interessante dos Irmãos Roberto, sendo um dos primeiros edifícios no Brasil a utilizar brises metálicos móveis, é o edifício Marquês de Herval. Esse é um edifício de escritórios, mas infelizmente, os inquilinos desse edifício alguns anos depois retiraram esses brises. Hoje o projeto está completamente exposto à radiação e com um monte de caixa de ar condicionado na sua fachada. Mas na época, ele foi um edifício bastante inovador:
Imagem: Arcoweb
(Antes e Depois do Edifício Marquês de Herval, imagem: coisas da arquitetura)
O edifício do banco sul-americano (agora do Banco Itaú) na avenida paulista do arquiteto Rino Levi, utiliza de brises metálicos móveis em toda a sua fachada que podem ser operados pelos usuários. Originalmente o edifício funcionava com ventilação natural , mas depois, quando avenida paulista começou a ficar muito movimentada com ruído e fuligem, eles foram obrigados a
instalar o sistema de ar-condicionado. Essa fachada na época era bastante preparada para um excelente controle de radiação solar.
Após a época que marcou o modernismo no brasil, com essas obras e tantas outras que a gente tem no Brasil, abandonou-se a prática da arquitetura bioclimática (arquitetura adaptada ao clima). A prática de aplicar brises e trabalhar com uma arquitetura adaptada ao clima acabou sendo deixada em segundo plano e o brise caiu em desuso.
Isso aconteceu muito em função da escola norte-americana – a escola de Mies Van Der Rohe, que foi seguida até por Oscar Niemeyer.
Nas últimas obras de Oscar Niemeyer é possível observar que há um abandono do uso do Brise (elemento muito utilizado em projetos no início da sua carreira) e há um uso extenso de vidros desprotegidos.
Seagram Builging/ Imagens – Sky Craper Center
O Seagram Builging (imagens acima), em Nova York foi precursor desse movimento de arquitetura internacional e ele acabou sendo copiado por muitos arquitetos no mundo inteiro, inclusive no mercado brasileiro.
Com o advento do ar-condicionado passou-se a impressão de o arquiteto não tinha mais a responsabilidade de projetar com adequação climática. Essa função acabou sendo “delegada” para à engenharia mecânica.
E assim foram sendo desenvolvidos cada vez mais projetos em que o ar-condicionado desempenhava a função de manutenção do conforto dos usuários dentro dos edifícios.
Hoje, vemos sendo disseminado em projetos arquitetônicos o “estilo internacional” que na verdade, nada mais é do que um modelo de caixa hermeticamente fechada de vidro e funciona apenas com o uso de ar-condicionado.
Esse “estilo internacional” faz com que um edifício em Dubai por exemplo seja muito semelhante arquitetonicamente a um edifício em são paulo, ou na Alemanha e em Nova York.
O que é completamente errado do ponto de vista do conforto, já que esses lugares têm condições climáticas completamente diferentes.
Os vidros de alto desempenho também são estratégias para melhorar o conforto térmico e diminuir o consumo energético dentro das edificações, mas eles por si só , apenas resolve parte do problema. Para resolver o problema de conforto, as estratégias de sombreamento, como a utilização de brises em fachadas, são ainda mais importantes e eficazes.
Para que você entenda como os brises agem sobre os vidros, primeiramente é importante que você compreenda como a radiação se comporta nos vidros. Confira nesse artigo;
Veja o vídeo abaixo e entenda como funcionam os brises na prática:
O brise é importante porque :
Por controlar a radiação solar direta, ele ajuda fundamentalmente na manutenção do conforto térmico, ao reduzir a “temperatura radiante” ( que é um dos elementos que afeta brutalmente o conforto térmico) .
Os Brises controla o ofuscamento causado pela luz direta, pois ele ajuda a bloquear esta luz direta e ainda mantém certa luz difusa para você ter uma iluminação natural confortável no ambiente.
Por isso tudo, ele também proporciona redução no consumo energético dos edifícios. Reduzir a carga térmica significa redução no consumo de ar-condicionado.
E além disso, os brises são boas opções para compor uma fachada esteticamente bonita. Os brises ajudam a aliar função, beleza e conforto em um projeto arquitetônico.
Não deixe de assistir o vídeo acima para entender bem o funcionamento dos brises e continue acompanhando os nossos artigos no blog em que abordamos os temas de conforto ambiental, acústica, luminotécnica e sustentabilidade.