Quando falamos de iluminação no âmbito da sustentabilidade de edificações, o senso comum é observar em primeira instância o uso de tecnologias ativas de baixo consumo, como o LED.
É fato que o custo desse sistema vem reduzindo e portanto sua aplicação ampliada. No entanto, a forma mais sustentável e saudável de iluminação, ainda pouco explorada em projetos no país é a iluminação natural.
Foto: Escritório Growing Green / Studio 102. Fotografia de Vu Xuan Son
Por mais óbvio e simples que possa parecer, ainda não observamos a iluminação natural como meta de projeto.
É comum estabelecermos metas para desempenho energético, por exemplo, principalmente em projetos que buscam algum tipo de certificação. Porém, a iluminação natural, sob o ponto de vista do conforto ambiental não tem sido explorada em seu potencial.
Projetistas em geral relegam a qualidade da iluminação natural à segundo plano, quase que como consequência do desenho de fachada em função de suas metas energéticas e estéticas.
A sustentabilidade real de edifícios começa na boa arquitetura, sendo as tecnologias utilizadas algo secundário.
Foto: Viva Decora
Esse “mantra” é especialmente verdadeiro no quesito iluminação natural.
A iluminação natural, ao contrário das mais avançadas tecnologias ativas não apenas pode fornecer condições ambientais adequadas às diversas atividades humanas no ambiente construído, como também é comprovadamente benéfica à melhoria de produtividade, bem estar e satisfação no ambiente de trabalho e de ensino.
Ela auxilia na recuperação de pacientes em hospitais, além de nos conectar com o ambiente externo reduzindo níveis de stress e fadiga.
Não há nada mais sustentável do que cuidar do bem estar do ser humano e ainda mais com consumo energético reduzido. Nenhuma tecnologia é capaz de desempenhar esse papel.
Foto: Sala da Casa
Atingir adequados níveis de iluminação natural, com reduzido risco de ofuscamento não é tarefa simples.
É necessário que se compreenda com precisão a trajetória solar em determinada localidade, avaliar zonas e horários de sombreamento, assim como possuir detalhado conhecimento acerca das condições lumínicas do céu específico da região em que se projeta.
A utilização de avançados métodos de análise computacional podem (e na maioria dos casos devem) ser utilizadas na exploração de opções de projeto capazes de fornecer as informações necessárias à concretização de metas de desempenho.
O processo de exploração paramétrica computacional em iluminação natural foi utilizado pela Ca2 Consultores Ambientais Associados no auxílio à concepção arquitetônica da nova agência da Caixa Econômica Federal no Campus da USP, atualmente em construção.
Demonstramos, através da exploração computacional, as melhores estratégias para que se atingissem níveis adequados de luz natural com controle de ofuscamento.
Foram projetados brises específicos para cada fachada, além do dimensionamento e posicionamento de claraboias na cobertura e adequada especificação de vidros.
A imagem acima ilustra é fruto desse trabalho (simulação computacional de luz natural com o uso do software Radiance).
Maiores detalhes do projeto em: Projeto Caixa Econômica – USP
(Por: Marcelo Nudel, sócio- proprietário e consultor na Ca2 Consultores Ambientais Associados)
Imagem destaque: Essencia Moveis