A temperatura de cor é basicamente uma característica da luz visível, trata-se da “aparência” da cor produzida por uma fonte de iluminação. Por definição, temperatura de cor de uma fonte de luz é a temperatura que um corpo negro irradia conforme é aquecido. Logo, a unidade de medida desta grandeza é Kelvin (K).
Esta relação com a medição da temperatura de cor versus aquecimento do corpo negro costuma confundir as pessoas. Alguns acham que cores mais frias possuem temperaturas mais baixas, mas é exatamente ao contrário. Por exemplo, embora a luz azul seja considerada “fria”, ela tem mais Kelvins do que a luz amarela, que é considerada “quente”. Ou seja, a temperatura de cor não tem relação com a temperatura física emitida pela fonte, ela é apenas uma aparência da luz visível.
Quanto mais alta a temperatura em kelvin, mais “clara ou fria” é a tonalidade da luz. (veja o gráfico abaixo)
A luz solar é a nossa principal fonte de luz, tendo ela como base podemos perceber que a sua temperatura sofre variações de “cor” durante o dia. Ao meio dia por exemplo a luz do sol é mais branca ou “fria”, tendo por volta de 5500K. Já no início da manhã e no final da tarde, a luz emitida pelo sol tem uma aparência mais “quente”, abaixo de 4k.
fonte gráfico: lighting design lab
Conforme mostra o gráfico acima, fontes de luz que têm “aparência” mais alaranjada estão em torno de 3500k ou menos, lâmpadas neutras ou intermediárias, variam entre 3500k a 4100k. Já lâmpadas mais “azuladas” ou frias têm 4100k ou mais de temperatura.
Agora que já falamos sobre as classificações da iluminação como “quentes, neutras ou frias”, vamos entender um pouco melhor em quais situações devemos usar cada uma delas.
(As arquitetas Bárbara Gomes e Giulliana Savioli, criaram o Loft SP na CASACOR São Paulo, pensando em um casal urbano- Foto: Caio Amaral Falcão)
A luz tem grande influência no que chamamos de “ritmo circadiano”, também popularmente conhecido como “relógio biológico”. É o período de 24h sobre o qual se baseia o nosso organismo. Isso significa que o nosso corpo se comporta de maneiras diferentes que variam ao longo do dia – em ciclos.
Quando vai chegando o horário do pôr-do-sol – fatores como a emissão de uma “luz mais quente”, estimula a produção de melatonina, hormônio responsável, entre outras coisas, pela regulação do sono, mostrando que o período de descanso se aproxima.
Já a luz branca ou azulada suprime a produção desse hormônio, sendo mais estimulante. Esta temperatura é de cor típica ao sol do meio-dia, um horário de alta atividade, e assim nosso organismo tende a ficar mais “atento/elétrico”, com a energia necessária para produzir e desenvolver as atividades do dia-a-dia.
É por esse motivo que pessoas tendem a assimilar os tons quentes como sendo acolhedores e os tons mais frios como excitantes.
(ilustração do ciclo circadiano: pet quimica )
Em escritórios ou hospitais, em salas de cirurgia por exemplo (locais de atividades que exigem alta atenção, produtividade e energia) o ideal é a utilização de fontes de luz com temperaturas de cores mais frias. Ajudando a manter os profissionais desses locais “em alerta/ atenção”. Já em residências, ou hotéis e restaurantes a aplicação de temperatura de cor amarelada é indicada, com o objetivo de proporcionar ambientes mais aconchegantes e intimistas.
Imagem : Lumepetro
No campo da arquitetura é essencial olhar para essa característica das fontes de luz e usá-las de modo adequado para cada tipo de ambiente. Se olharmos além da estética, vamos compreender que a escolha de um determinado tipo de luz (focando principalmente na característica de temperatura de cor) vai depender do tipo de sensação necessária a cada ambiente ou atividade.
Esta questão é tão relevante, que hoje no mercado existe uma grande oferta de produtos com diferentes temperaturas de cor na mesma luminária. Podendo ainda estar conectado com sistemas de automação, reproduzindo a tonalidade da luz no presente momento do dia. Essa ferramenta é importante considerando a arquitetura corporativa atual e a extensa jornada de trabalho comum nos escritórios das grandes cidades.
A temperatura de cor não tem relação com o consumo de energia da fonte de luz . O que irá interferir se esta irá consumir mais ou menos energia é a sua potência (medida em Watts) .
A quantidade de luz emitida entre as fontes, sejam elas quentes ou frias, é praticamente a mesma. Algumas pessoas podem ter a falsa percepção de que uma luz mais azulada ou branca irá iluminar mais um ambiente, mas isso é um mito. A intensidade luminosa é a mesma, bem como a iluminância resultante de sua aplicação. Mas em termos de “luminosidade” a luz branca exige menor “esforço” para algumas atividades que exigem mais do olho humano, como a leitura, o trabalho, e etc.
Fonte: Lighting Design Lan
Fonte Imagem Destaque: Clique Arquitetura/ Pixabay
Confira aqui mais conteúdos sobre Luminotécnica.