A falta de atenção ao conforto térmico nas escolas pode afetar a saúde e até o rendimento dos alunos.
“O ambiente construído de uma escola influencia o comportamento de seus usuários por desenvolver formas distintas de organização social. Segundo Piaget (1970), os espaços de vivência de uma pessoa, incluindo a escola, representa uma experiência decisiva na aprendizagem e na formação das primeiras estruturas cognitivas. Aprender está relacionado à capacidade de relacionar o que se aprende com o que já se sabe. Nesse processo, é vital a motivação favorável do aluno que está vinculada, entre outros fatores, à organização espacial da escola.
No espaço construído de sala de aula, estão configurados os espaços físicos (espaço material, construído), cultural (espaço imaterial composto pelo conjunto de conhecimentos,costumes, crenças e valores de uma comunidade) e simbólico (espaço imaterial constituído e símbolos, signos, ideias, tradições, culturas) (GUIDALLI,2012).
Portanto, a sala de aula passa a ter um papel significativo no desenvolvimento social, cognitivo e afetivo dos indivíduos que frequentam o ambiente, proporcionando uma interação agradável e promovendo o bem-estar das pessoas. Porém, quando o ambiente apresenta algum desconforto ambiental,passa a ser o motivo das alterações comportamentais e a diminuição do
rendimento escolar.
Como afirmam Schiff e Somjen (1985),o aumento da temperatura afeta o funcionamento dos neurônios, consequentemente o desempenho fisiológico e comportamental. O que é confirmado por Frota e Schiffer (2001), ao relatarem que o aumento da temperatura de 20 para 30ºC de temperatura ambiente, comunidade de 80%, causa redução de 28% no rendimento escolar”(UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO- Dissertação de GISELLY DE ANDRADE ALENCAR CAIRRÃO – TÉRMICO NO AMBIENTE ESCOLAR: uma análise com aplicação da cortina térmica sustentável)
Um estudo em Nova York com cerca de 75.000 alunos identificou uma queda de 0,2 na nota para cada aumento de 1°F na temperatura da sala de aula.
Em outra pesquisa, com mais de 3.000 estudantes americanos, cada diminuição de 1 °C na temperatura, mostrou um aumento de 12-13 pontos nas atividades de matemática. (Fonte: World GBC). As crianças são mais sensíveis a altas temperaturas do que os adultos por conta de sua temperatura corporal e pela menor capacidade de termo regulação.
“Pesquisas européias sobre espaços de aprendizagem indicam o conforto térmico como um dos indicadores da dimensão da Qualidade Ambiental, do Sistema Avaliativo de Espaços de Aprendizagem (BROWN et al., 2017). De acordo com este sistema é importante perceber quando a temperatura do espaço (muito quente, muito frio ou variando de mais) está tirando a atenção dos estudantes e prejudicando a aprendizagem. Fornecer controle sobre o conforto térmico aos professores e alunos, como janelas, termostato, ar condicionado, ventiladores, ou outros meios para ajustar a temperatura é um dos elementos que melhora a aprendizagem dentro da sala de aula e é tarefa da gestão escolar.” (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO- Dissertação de GISELLY DE ANDRADE ALENCAR CAIRRÃO – TÉRMICO NO AMBIENTE ESCOLAR: uma análise com aplicação da cortina térmica sustentável)
Iniciativas de projeto podem controlar fatores como a temperatura, umidade e velocidade do ar. Estratégias de ventilação natural e janelas corretamente posicionadas, quando apropriadas ao clima local e à qualidade do ar externo, ajudam a reduzir a temperatura com menor utilização de energia para resfriamento.
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Imagens: Escola e Jardim de Infância DPS -Arquitetura Khosla Associates.Fotos- Shamanth Patil/ Archdaily