A preocupação com os sons e a acústica na arquitetura, infelizmente, em muitos casos, ainda é uma preocupação secundária. O resultado disso é um impacto negativo no bem-estar e na produtividade.
Imagem – BDO Offices – Melbourne, Designer: Unispace/ Photography: Shannon McGrath/ Fonte: Office Snapshots
A União Europeia estima um custo de mais de 40 bilhões por ano com saúde, dias de trabalho perdidos, aprendizagem prejudicada e produtividade reduzida. A exposição prolongada a ruídos excessivos está diretamente ligada ao agravamento de doenças crônicas como o aumento na pressão arterial e doenças cardíacas.
A acústica ruim também é associada a distúrbios do sono, irritabilidade e problemas na memória de curto prazo. Os locais que mais deveriam ter atenção a essas questões são os mais afetados: edifícios educacionais e hospitalares.
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O decibel (dB) é a medida de intensidade do som mais utilizada, essa medida segue uma escala logarítmica, por exemplo, um aumento de 10dB significa que a energia do som foi aumentada em 10 vezes. Já um aumento de 30dB resulta em uma elevação de mil vezes na energia do som.
A pressão que o som faz no tímpano é o nível de pressão sonora ( é a relação entre a pressão feita pelo som e a pressão em silêncio total) .
Podemos dizer que o ruído é consequência do crescimento econômico. O barulho que hoje invade os céus e as cidades evidencia isso. De acordo com a OMS ( Organização Mundial da Saúde), 40 % da população mundial está exposta a ruídos superiores a 55 dB, esse nível já é capaz de afetar a saúde e trazer problemas no sono, aumento da pressão arterial e doenças cardíacas. Cerca de 3% das paradas cardíacas ocorridas na Alemanha estão associadas ao ruído de tráfego rodoviário.
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A organização mundial da saúde recomenda que ruídos em salas de aula e hospitais não ultrapassem 30-35dB (equivalente aos níveis encontrados em bibliotecas). Normalmente os valores estão acima do recomendado, um estudo na Alemanha revelou que uma sala de aula típica tem níveis de 65 dB. Já outro estudo nos EUA mostrou que salas de pós -operatório atingiram um pico de 94 dB.
Em hospitais, há diversos fatores que contribuem para o aumento de ruídos como: alta circulação de pessoas, conversas, passos, equipamentos e alarmes. Pesquisas já realizadas mostram a relação entre o ruído ambiental e o aumento na prescrição de medicamentos para alívio da dor e estresse em pacientes.
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Um estudo feito pela Johns Hopkins University (Julho/2008) relatou que 1 a cada 3 americanos sofre de algum grau de deficiência auditiva. Fonte: George Prochnik, Em Busca do Silêncio .
Um grave problema enfrentado em escolas é a reverberação e como isso afeta o grau de entendimento da fala por parte dos alunos e aumenta a tensão vocal em professores.
Os escritórios corporativos também sofrem com o excesso de ruídos, principalmente os que possuem planos abertos. Os ruídos de fundo, mesmo em níveis baixos, são responsáveis por elevar os níveis de estresse, prejudicar a memória e a capacidade de concentração. Como resultado, locais de trabalho barulhentos possuem maior taxa de absenteísmo e recorrência de dores nas costas e outras queixas.
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O Efeito Lombard ocorre quando há maior necessidade de falar mais alto em decorrência dos barulhos no ambiente. Ele ocorre muito em escolas e afeta uma grande massa de educadores. Um estudo dos EUA descobriu que 50% dos professores sofreram danos irreversíveis em suas vozes.
Os hospitais devem ser ambientes que propiciam a recuperação e a cura. Para atingir esse objetivo principal, a arquitetura deve ser cuidadosamente pensada em termos acústicos para promover o silêncio.
Fonte:Building in sound – BIAMP SYSTEMS WHITEPAPER – Autor – Julian Treasure
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