O ofuscamento ocorre quando há uma fonte excessivamente brilhante ou um alto contraste entre superfícies muito claras e outras escuras. Ele gera alto desconforto visual e pode trazer a sensação de “cegueira momentânea”.
Nos edifícios corporativos, as maiores causas que geram o ofuscamento são: prédios com grandes áreas envidraçadas, reflexões dos edifícios envidraçados no entorno ou a ausência ou ineficiência de elementos sombreadores para barrar a luz solar direta.
O Daylight Glare Probability (DGP) é o estudo experimental e de simulação que permite avaliar a probabilidade de ofuscamento causado pela luz natural. Ele é usado para evitar riscos de ofuscamento e auxilia nos estudos das estratégias que deverão ser aplicadas no projeto.
Explorar a iluminação natural em projetos traz benefícios estéticos e principalmente têm efeitos positivos para a saúde dos ocupantes. Para citar alguns deles, podemos falar em: conforto visual, economia de energia (eficiência energética), aumento na produtividade, estímulo mental e visual e sensações de bem-estar e satisfação. Somando esses benefícios, também podemos dizer que a iluminação natural contribui para a redução dos níveis de stress e fadiga.
Porém, não é tão simples aplicar soluções que valorizem a luz diurna, de forma errada, ao invés de benefícios, essas estratégias podem trazer sérios problemas de ofuscamento e até prejudicar o conforto térmico em um ambiente.
O risco de ofuscamento depende não apenas da iluminância no plano de trabalho, mas também da iluminância em planos verticais, reflexões indesejadas, do contraste de brilho entre as superfícies no campo de visão do observador, e da iluminação de fundo (background light);
Confira mais sobre iluminância no artigo sobre grandezas luminotécnicas.
Em edifícios de escritório, as maiores causas de ofuscamento costumam estar relacionadas aos seguintes fatores:
O fenômeno do ofuscamento pode ser explicado pela dificuldade de acomodação a condições extremas de luz, ou brilho, pelo sistema visual humano ocasionado cegueira momentânea, distração ou incômodo visual (IESNA, 2000 e SUK et al,2013).
O ofuscamento ocorre quando o campo visual de um observador está sujeito a uma fonte emissora de luz de alto brilho (podendo ser uma lâmpada, o próprio Sol ou o céu, e também superfícies refletoras), ou quando há excessivo contraste entre superfícies muito claras e outras escuras no campo de visão.
Enquanto existe certo consenso internacional quanto aos níveis mínimos recomendados de iluminância para a execução de determinadas atividades, isso já não ocorre para as métricas de quantificação e medição de condições de ofuscamento.
Imagem : O globo – Walkie Talkie – The sun reflects off the ‘Walkie Talkie’ building on Fenchurch StreetCredit: Sean Dempsey/PA Wire
Existem diversas pesquisas e estudos científicos que procuram estabelecer uma abordagem para avaliação quantitativa de ofuscamento, tendo sido algumas delas substituídas por outras mais recentes e abrangentes. A dificuldade em se estabelecer critérios precisos para esse fenômeno está relacionado ao caráter subjetivo de sua percepção, além de uma variável que é a capacidade (ou não) de acomodação visual e dos pontos de visão do observador.
Um ponto de atenção para evitar esses riscos é compreender os horários de sombreamento, a trajetória solar, e conhecer profundamente a condição luminica do céu na região em que se projeta.
Por isso projetar deve ser um exercício. É necessário que se compreenda com precisão a trajetória solar em determinada localidade, avaliar zonas e horários de sombreamento, assim como possuir detalhado conhecimento acerca das condições luminicas do céu específico da região em que se projeta. A utilização de avançados métodos de análise computacional podem (e na maioria dos casos devem) ser utilizadas na exploração de opções de projeto capazes de fornecer as informações necessárias à concretização de metas de desempenho.
A realização de simulações computacionais nos faz compreender quais são as áreas críticas de ofuscamento por luz natural, e quais estratégias podem reduzir a ocorrência de ofuscamento. As simulações de luz solar incidente na parte externa das fachadas ajudam a definir o risco de ofuscamento.
Utilizando como base as métricas das normas citadas acima, tais como: UDI, ASE e DGP-Daylight Glare Probability, podemos quantificar o risco e ocorrência de ofuscamento por luz natural, e como cada estratégia de mitigação irá impactar na melhora do desempenho.
Cada projeto possui suas particularidades, portanto é importante realizar análises qualitativas de situações para compreensão do contexto climático de luz natural.
Imagem Destaque: Solar ABC