Antes de falarmos sobre o projeto acústico, vamos entender o conceito de ruído e quais são os critérios de desempenho acústico presentes na NBR.15575.
Podemos definir o ruído como um som indesejado. O som é uma energia que se propaga em um meio – é uma vibração de moléculas que pode se propagar pelo ar, na matéria, na vedação, no bloco ou na água, por exemplo, e produz sensações auditivas ao entrar em contato com o nosso ouvido.
Em projetos é necessário olhar para os meios de propagação de ruídos internos e tratar o isolamento de ruído aéreo (transmitido pelo ar) e o ruído de impacto. São exemplos de ruído aéreo: a conversação, uma tv ligada ou um rádio. O ruído de impacto é emitido via transmissão estrutural, são exemplos: uma furadeira ou o caminhar do vizinho de cima em um apartamento.
O ruído se propaga muito bem em meios sólidos, por isso o nível de vibrações é proeminente no ruído de impacto. Se você mora em apartamento, já deve ter tido a impressão de que um barulho de furadeira vindo de alguns pavimentos acima ou abaixo do seu apartamento estava muito mais próximo.
A Norma de desempenho NBR 15.575 estipula critérios de isolamento acústico para unidades residenciais, familiares e multifamiliares.
No caso de edifícios multifamiliares, precisamos classificar as fachadas do edifício conforme o nível de ruído incidente. Em nosso processo de consultoria, normalmente vamos até o local onde será construído o empreendimento e em visita técnica realizamos um diagnóstico e medições de pressão sonora do entorno para que possamos quantificar e caracterizar ruídos de trânsito e movimentação da vizinhança.
Com esses dados, simulamos por meio de um software específico a propagação desse ruído nas fachadas do empreendimento. Dependendo do nível, nós classificamos essa fachada ( a norma prevê as classes I, II e III). A classe I possui menos ruído incidente e a classe III, mais ruído. Conforme essa classificação, conseguimos especificar materiais de envoltória de fachadas e coberturas para atender ao critério de isolamento de fachadas e coberturas.
A norma também estipula critérios para isolamento entre pavimentos, unidades diferentes, e entre áreas de lazer coletivo. Também existem critérios de isolamento de vedações internas entre unidades e circulações.
OY Campo Belo – NBR 15575 – Consultoria Ca2 para Acústica, Térmica e Lumínica.
Comparando com o mercado europeu, a norma brasileira traz critérios menos rígidos. Quando foi revista e publicada em 2013, a norma de desempenho trouxe requisitos de acústica. Logo em seguida foi possível observar uma movimentação no mercado para atender esses critérios. Foram alguns anos de adaptação por parte dos incorporadores, construtoras e profissionais consultores.
Na época também havia uma escassez de produtos para especificar e poucos fornecedores que pudessem apresentar catálogos com laudos de desempenho. Hoje em dia, há uma gama muito maior de fornecedores e materiais. Ter esses níveis mínimos já traz uma diferença considerável em relação ao cenário anterior à publicação da norma, e sem dúvida, isso já é um grande avanço para o nosso mercado.
Primeiro nós fazemos uma análise do cenário do projeto, levantamos todas as características e pontos críticos. A acústica é uma disciplina que tem interface com muitas outras, precisamos avaliar a arquitetura, estruturas, instalações elétricas, hidráulicas, ar condicionado, paisagismo, impermeabilização, entre outros. Nós unimos todas essas informações para caracterizar o empreendimento de forma correta, analisando como são as vedações, coberturas e sistemas de pisos.
O que não atender à norma, nós selecionamos e enviamos algumas especificações, opções de recomendação para o atendimento de um determinado item. Quando não é um projeto residencial, também fazemos esse diagnóstico , levantamos os critérios pertinentes ao projeto e outros pontos que as normas não contemplam.
Inicialmente alimentamos a arquitetura com as especificações de vedações, espessuras de lajes, contra pisos, tipos de bloco. Passamos premissas para fachadas, esquadrias, portas, forros e revestimentos. A acústica também tem bastante interface com interiores para a especificação de revestimentos de paredes e forros.
O especialista precisa fazer uma leitura bastante completa e detalhada do projeto e muitas vezes, durante esse estudo são encontrados conflitos. Normalmente, conseguimos solucionar problemas de isolamento e condicionamento acústico com soluções muito simples, alterando poucas coisas no projeto e com custos muito baixos quando comparados aos custos do empreendimento.
A fase ideal para desenvolver a consultoria acústica é logo no início do projeto. Isso porque, na consultoria temos a possibilidade de auxiliar o incorporador no estudo de viabilidade e até na escolha do terreno. Nesse caso, vamos ao local para fazer medições e elaborar um diagnóstico do entorno, podendo assim prever se ele precisará ter custos mais altos de fachada, esquadrias, etc.
Normalmente, nossa consultoria se inicia em etapa de estudo preliminar, mas, quanto antes esses estudos iniciam, mais possibilidades temos de trazer sugestões, sugerir melhores soluções, e fazer alterações de materiais caso um determinado item não atinja os requisitos mínimos.
Quando identificamos um ponto crítico que a norma não contemple, apontamos todos os pontos de atenção do empreendimento. Quanto mais o projeto está definido, mais difícil fica atender à norma e fica cada vez mais complicado de alterar a espessura de um revestimento ou propor um contra piso flutuante, por exemplo. Por isso o ideal é alimentarmos o projeto logo no início e acompanhar a evolução auxiliando nas tomadas de decisão.
O desempenho de uma janela irá depender do seu conjunto, envolvendo o vidro, o caixilho, as vedações desse caixilho, e da instalação desse sistema na execução em obra. Frestas e desalinhamentos na instalação podem gerar perdas significativas no isolamento acústico.
É necessário considerar todos esses elementos antes de especificar um vidro mais espesso ou um vidro laminado. Por esse motivo, o ensaio em laboratório de sistemas de esquadrias é tão importante, assim conseguimos saber o desempenho desse conjunto ensaiado. Com esses dados identificamos se a curva de isolamento da janela será compatível com o necessário, considerando o nível de ruído externo.
Pelas características de isolamento de um painel vidro, sendo este um material esbelto e de pouca massa, é necessário trabalhar com desacoplamentos. No caso do vidro laminado – formado por uma placa de vidro, uma película de PVB e outra placa de vidro – esse sistema funciona como um sistema “massa-mola-massa”, e isso dificulta a transmissão sonora, tornando o desempenho acústico de um vidro laminado melhor do que o desempenho de um vidro comum.
No caso do vidro insulado, que possui uma câmara de ar e duas placas de vidro, os desempenhos são superiores dependendo da composição e da espessura dos materiais. No processo de consultoria temos metodologias e softwares para ensaiar esses sistemas e comparar o desempenho para escolher a melhor alternativa de vidro e esquadrias.
Leia também: Desempenho Acústico de Vidros
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