Charmosos e funcionais. Não há como falar do Cobogó sem exaltar sua beleza e funcionalidade na arquitetura.
Ícone da cultura arquitetônica brasileira, o Cobogó é um elemento construtivo vazado que permite a entrada de luz natural nos ambientes em que é utilizado.
Ele surgiu com a ideia de desenvolver um material que permitisse a passagem do ar, reduzindo o calor , ao mesmo tempo em que proporcionasse privacidade, podendo ser utilizado no interior das edificações como divisória de ambientes.
Esses charmosos blocos são responsáveis por formar lindos jogos de luz e sombra, pois eles transformam a luz que entra no ambiente, resultando em incríveis efeitos de iluminação como nas fotos abaixo (Projeto Residencial – Casa Cobogó – Márcio Kogan).
Ao projetar sombras sobrepostas os blocos trazem certa poética à arquitetura;
Existem “cobogós” de diversos formatos, tipos e materiais. Eles são usados com as mais variadas funções dependendo da criatividade e objetivo do arquiteto projetista.
O cobogó foi inspirado no “Muxarabi”, elemento da arquitetura árabe, feito em treliças de madeira, utilizado principalmente em janelas e sacadas de residências com o objetivo de manter a privacidade sem bloquear a ventilação e a iluminação natural.
Suas dimensões variam conforme o uso destinado.
Utilizado em diversos projetos residenciais , comerciais e até industriais, por importantes arquitetos no Brasil (e no mundo), o Cobogó voltou com força na arquitetura após um período em desuso.
Além de deixar ambientes mais bonitos com a beleza de seus desenhos variados e cores, o Cobogó favorece a iluminação natural, proporciona ventilação e ainda é um elemento de sombreamento, protegendo contra a incidência de radiação solar direta quando usado em fachadas.
Por meio da ventilação proporcionada, há uma troca de ar constante, melhorando a qualidade do ar no ambiente.
(A premiada Naranga Avenue House, de James Russell Architect, apresenta um design surpreendente de blocos de brisa. Fotógrafo Toby Scott)
É importante ressaltar, que esse elemento não irá substituir paredes de alvenaria, pois a carga que o bloco vazado suporta é diferente da carga suportada por um bloco de concreto. ( e também irá variar conforme o material)
Por isso, ele precisa ser projetado corretamente, e para isso devem ser feitos os cálculos necessários.
Então, se cogita usar esse material em alturas consideráveis, o cuidado e atenção devem ser redobrados.
O material do cobogó, assim como a orientação solar e estudos de vento, também irão influenciar no seu papel de gerar sombreamento e ventilação.
O Cobogó surgiu em meados de 1920, foi criado pelos engenheiros: Amadeu Oliveira Coimbra, de Portugal, Ernest August Boeckmann, da Alemanha, e Antônio de Góis, do Brasil.
O bloco vazado foi idealizado no Brasil, em Recife – Pernambuco. A palavra “COBOGÓ” surgiu da junção dos três sobrenomes.
Apesar de ter sido criado na década de 20, ele só foi popularizado pelo modernismo por volta de 1950-60 quando foi destaque na fachada de um edifício no RJ projetado pelo arquiteto Lúcio Costa (imagens abaixo).
Um dos modos mais tradicionais de se encontrar os blocos vazados é em cerâmica vermelha natural.
(Foto : Walter Carvalho – Edifícios do Parque Guinle (RJ), Lucio Costa)
Inicialmente os cobogós foram desenvolvidos em cimento;
Após sua popularização, o elemento começou moldado em diversos materiais como: cerâmica, argila, e porcelana por exemplo.
O cobogó é um elemento importante quando falamos de arquitetura bioclimática, porque ele auxilia no conforto térmico, e melhora também a eficiência energética.
Uma das fortes características e motivos por ser tão utilizado é justamente porque os monoblocos permitem a passagem de luz natural, variando em mais ou menos luz conforme seu desenho.
Mais luz natural significa menor necessidade de iluminação artificial, diminuindo assim o consumo de energia.
Só esse fato, torna o Cobogó um elemento importante quando falamos de construção sustentável.
Além disso, quando utilizados da maneira correta, os blocos são uma excelente estratégia em um projeto que priorize o conforto ambiental ( diga-se de passagem, pensar no conforto é essencial – principalmente para países de climas quentes e úmidos como o nosso) .
A ventilação natural juntamente com o bloqueio dos raios solares diretos, proporciona uma melhora no conforto térmico.
Dessa forma, quando bem aplicado no projeto há uma menor necessidade de utilização de aparelhos para resfriar os ambientes como ar-condicionados e ventiladores (que consomem uma quantidade significativa de energia elétrica).
Ou seja, menor consumo de energia na edificação = maior eficiência energética.
Dependendo da orientação em que esse recurso é utilizado, ele irá contribuir para a distribuição de luminâncias nos ambientes internos.
Logo, unir soluções de controle solar com ventilação, são estratégias que trazem maior eficiência bioclimática aos projetos. E o querido Cobogó é capaz de proporcionar isso com maestria e beleza.
Nos edifícios do Parque Guinle (RJ), Lucio Costa lançou mão desse elemento, retomando a utilização do cobogó:
Fachada do ed. Residencial Caledônia no Parque Guinle, RJ. Lucio Costa, 1954. Todos os 6 edifícios desse conjunto residencial tem o uso de pilotis no térreo, cobogós e brises de madeira utilizados de forma modular e segundo a orientação solar de cada fachada. Esse edifício é um clássico da arquitetura moderna.
O arquiteto Carlos Murdoch usou esse elemento como uma das dissertações de seu mestrado e diz que ele estava em voga na época em que ainda se projetava sem a ajuda do ar condicionado.
“Os edifícios deveriam ser confortáveis termicamente sem gastar energia. Atualmente, com a demanda da sustentabilidade e da eficiência energética, essas técnicas antigas de ventilação passiva estão retornando”, disse ele. (Fonte: Escola Engenharia )
Fotos: Osmar Carioca
Os cobogós são utilizados das mais variadas formas em construções. As formas mais comuns são:
Esse elemento construtivo é tão querido que criamos uma pasta no nosso Pinterest dedicada a salvar e compartilhar lindas inspirações e ideias de projetos que utilizaram Cobogó como complemento no projeto de arquitetura ou mesmo como protagonista (convenhamos, ele merece destaque). Para ver Clique aqui 😉