Certificação Edge: uma Alternativa ao LEED e AQUA-HQE

Benefícios da Certificação Edge: uma Alternativa ao LEED e AQUA-HQE

Nesse artigo você vai entender quais os benefícios da certificação EDGE  e encontrar um passo a passo para elevar o seu empreendimento até esse nível de certificação.

A certificação Edge é uma nova certificação para edifícios sustentáveis que está chegando com muita força no Brasil. Você conhece essa certificação? Sabe pra que ela serve? Por qual motivo ela é considerada muito mais acessível do que outros tipos de certificações como o LEED por exemplo?

A certificação Edge (Excellence in Design for Greater Efficiencies) surge no âmbito internacional criada pelo Internacional Corporation do banco mundial focada apenas em países emergentes.

Isso porque, o banco mundial percebeu que os países emergentes e os países em desenvolvimento (antigamente chamados de países de terceiro mundo) não estavam caminhando para uma sustentabilidade real no mercado da construção civil apesar de algumas evoluções importantes na busca por outras certificações como o LEED por exemplo.

Se considerarmos o tamanho da indústria da construção civil no Brasil, a quantidade de empreendimentos certificados pelo LEED ainda é muito pequena.

E nesse nicho, os projetos de maior recurso financeiro acabam sendo privilegiados.

Por esse motivo, o banco mundial criou essa certificação com o objetivo de incentivar a sustentabilidade em empreendimentos de diversas tipologias nos países emergentes.

Se você já trabalhou com LEED ou AQUA, que são dois sistemas de certificação populares aqui no Brasil, sabe que esses são sistemas relativamente complexos, principalmente quando falamos do LEED, que demanda muita documentação e considera tudo o que envolve a sustentabilidade, fatores como:

• energia;
• água;
• materiais;
• qualidade do ambiente;
• resíduos;
• transporte;
• localização.

O LEED é um sistema holístico que abarca todo o âmbito da sustentabilidade em um empreendimento, desde a sua concepção até a construção e comissionamento de sistemas energizados.

Esse processo é bastante complexo e exige simulação energética, comissionamento dos sistemas, controle de obras, controle de gestão de resíduos e gestão de poluição durante a obra.

Os sistemas que olham a sustentabilidade de forma holística são muito válidos, e têm sem dúvida o seu espaço relevante, porém por conta de toda essa onerosidade e complexidade há provavelmente uma perda significativa de uma boa fatia de mercado.

Nesse contexto, surge o Edge, um sistema que supre essa lacuna, simplifica o processo e diminui o escopo de abrangência da certificação.

Tipologias

O sistema Edge está presente em 150 países, ele certifica 6 tipologias de projeto: os residenciais, hospitais, edifícios de escritório, edifícios educacionais ou escolares, comércio e os hotéis.

O mais interessante é que ele eliminou do seu o do seu escopo boa parte do que os sistemas mais complexos abordam.

O sistema eliminou o comissionamento de gestão de resíduos, de obra, de controle de erosão e poluição durante o período da construção.

Impacto Ambiental na Construção Civil

A essência do sistema Edge foi focar em questões que mais causam impacto ambiental na construção civil, considerando 3 categorias: consumo de energia, consumo de água e na energia incorporada nos materiais.

Já que nós, países emergentes, ainda não somos muito avançados quando falamos de sustentabilidade e isso ainda não está enraizado na nossa tradição cultural de arquitetura e construção, vamos pelo menos focar no que mais causa impacto ambiental para que possamos evoluir a partir disso.

Edge como ferramenta de Simulação

O sistema Edge também é um software de simulação que considera as 3 categorias:

• consumo de energia;
• consumo de água;
• energia incorporada aos materiais;

Mas, como é feito o cálculo energético sem simulação?

O sistema tem uma ferramenta online muito poderosa, onde é possível imputar dados relativos à orientação solar de vidro, brise, materiais de cobertura e fachada, especificação de luminárias, desempenho de sistemas de ar condicionado e assim por diante.

Através desses dados, o sistema faz o cálculo de energia para você.

O sistema foi validado e testado contra simulações computacionais energéticas reais e foi encontrado uma diferença de apenas 10% entre uma simulação computacional tradicional e a simulação do Edge.

Em relação à água funciona da mesma forma, você imputa os dados e em tempo real consegue ver como cada iniciativa e como cada estratégia adotada no seu projeto impacta o consumo de água.
Referência de desempenho do EDGE

Comparação com Edifício Referência

Uma das coisas mais interessantes do EDGE é a forma como ele compara o seu edifício com benchmarks ou um “edifício referência” para te dar uma pontuação. Assim como no LEED, você tem que comparar o desempenho do seu edifício com o edifício referência.

O LEED usa como edifício referência um edifício que cumpre com a norma norte americana. O LEED pede que o seu desempenho energético seja uma porcentagem melhor, ou seja, que você consuma menos energia, do que um referencial com base nas normas norte-americanas.

O problema é que no Brasil você tem que ter um esforço maior, porque não temos a mesma legislação para a eficiência energética que os EUA têm.

O Gap entre a norma norte americana e o que o brasil produz tipicamente para um edifício convencional é muito grande.

Imagine que para certificar, você tem que ir além disso, e é por isso que as estratégias do LEED acabam muitas vezes onerando um projeto.

No caso do EDGE, isso é completamente diferente, eles fazem um levantamento de consumo de energia, consumo de água e de energia emitidas nos materiais para cada país que integra o sistema EDGE, ou seja, para todos os países emergentes.

E o seu referencial de desempenho tem como base a média do seu mercado local.

Desta forma, quando você constrói um edifício no Brasil você está comparando-o com um edifício da mesma localização.

O sistema Edge torna esse processo de comparação muito mais inteligente e condizente com a realidade brasileira.

Para que você obtenha a certificação, precisa ter minimamente um desempenho em 20% menor de energia, 20% melhor em consumo de água e 20% a menos de energia incorporada nos materiais.

No final, você recebe um certificado que mostra a sua pontuação nos 3 quesitos (consumo de energia, consumo de água e energia incorporada nos materiais).

O processo de Certificação

O processo de certificação tem três atores principais: a Ca2 Consultores Ambientais Associados e as multinacionais (SGS e Thinkstep). Juntos, nós 3 prestamos serviço de forma conjunta.

A Ca2 presta serviço como Edge Expert (Eu, Marcelo Nudel sou profissional acreditado pelo sistema Edge para oferecer essa consultoria).

No início do processo é feita uma primeira avaliação do potencial para a certificação. A partir daí, orientamos o design junto ao escritório de arquitetura e o incorporador. Também operamos o software do Edge, registramos o projeto e preparamos e emitimos a documentação que vai para a auditoria.

Nesse processo, o mais importante é orientar o design e mostrar ao cliente as estratégias que levarão o projeto a atender os requisitos e conseguir a certificação.
Após encerrado esse processo, entra em cena o auditor que é representado pela multinacional SGS.

A SGS é uma empresa com relevância mundial na área de auditoria e certificação. Nessa etapa, eles revisam a documentação, fazem a visita em campo e irão recomentar a certificação para a empresa certificadora, que é a multinacional Thinkstep.

A empresa certificadora Thinkstep irá aprovar a certificação. Ela garante que tudo está conforme o controle de qualidade e treina os auditores para se qualificar para as auditorias.

O processo Edge já é bastante difundido em vários países.

Citando como exemplo, na Colômbia por conta de uma legislação de incentivos fiscais a certificação é bastante difundida.

Além disso, a Colômbia é o país com maior número de certificações Edge. Falando do Brasil, a certificação começa a ser difundida na região de Salvador por conta de uma legislação que dá desconto no IPTU, chamada “IPTU Verde”. Outros exemplos são: México, Nigéria, Equador, Camarões, e uma série de locais com projetos certificados ou em processo de certificação.

Assista o vídeo completo abaixo.

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