A luz natural na arquitetura afeta o humor, o conforto e a saúde dos seres humanos. Utilizar esse tipo de iluminação, além de trazer comprovadamente ganhos para a saúde e para o bem-estar, também auxilia na eficiência energética.
A iluminação natural, pode fornecer adequadas condições para as diversas atividades humanas no ambiente construído. Essa estratégia passiva é benéfica à melhoria de produtividade e proporciona satisfação nos ambientes. Ao nos conectar com o ambiente externo, ela também é capaz de reduzir os níveis de stress e fadiga e auxilia na recuperação de pacientes em hospitais.
Atingir adequados níveis de iluminação natural, com reduzido risco de ofuscamento não é tarefa simples. É necessário que se compreenda com precisão a trajetória solar em determinada localidade, avaliar zonas e horários de sombreamento, assim como possuir detalhado conhecimento sobre as condições lumínicas do céu específico da região em que se projeta.
A utilização de avançados métodos de análise computacional podem (e na maioria dos casos devem) ser utilizadas na exploração de opções de projeto capazes de fornecer as informações necessárias à concretização de metas de desempenho.
Para que você entenda o conceito de luz natural nos edifícios é importante saber o conceito de espectro de radiação.
A imagem acima representa o espectro de radiação que incide sobre o nosso planeta. Cada tipo de radiação tem ondas com diferentes características (veja na imagem abaixo) . O raio x por exemplo tem um comprimento de 10 nm (nanômetros) .
Dentro desse espectro de radiação, há aquela que vêm diretamente do sol, o chamado espectro solar.
O espectro solar é dividido em 3 grandes componentes :
A ultravioleta, dividida em : UVB, UVC e UVA é a radiação que danifica a pele, causa câncer, danifica móveis e tecidos quando recebem contato direto.
A radiação infravermelha é uma parte não visível e só é possível enxergá-la através de câmeras termográficas. Dentro do espectro solar apenas uma pequena parcela de luz é visível.
Veja o artigo: Grandezas Luminotécnicas – Entenda os Conceitos
A luz solar direta, como o próprio nome diz, incide diretamente dentro das edificações. Em segundo lugar há a luz natural difusa (luz do céu) e em terceiro lugar há a luz solar refletida das superfícies.
A luz solar direta é a fonte mais potente de iluminação e é a que possui o maior brilho ( maior quantidade de candelas por m²).
A luz direta que chega aos ambientes, ao mesmo tempo em que proporciona boa iluminação, também traz uma grande quantidade de calor.
Essa luz visível que entra através dos vidros é absorvida pelas superfícies e reflete de volta para o espaço na forma de radiação infravermelha (ou seja de calor). Logo, trazer muita luz significa também trazer muito calor aos espaços.
A luz solar direta é altamente dinâmica e não oferece uniformidade. Ela sofre variações diversas durante o dia, por exemplo: quando passa uma nuvem e bloqueia essa luz, ela será significativamente alterada.
A luz direta também oferece maiores riscos de ofuscamento, provocando uma sensação de cegueira momentânea. Essa luz é tão brilhante, que se ela estiver incidindo diretamente nos seus olhos, você não consegue exercer suas atividades dentro do espaço.
A luz difusa tem um segundo nível de brilho na escala da hierarquia das fontes de luz. Ela é diretamente proporcional à quantidade de céu que um determinado ponto iluminado consegue enxergar.
Observe na imagem acima, quanto maior esse ângulo de abertura para o céu, maior vai ser a quantidade de luz difusa que esse ponto receberá.
A luz solar difusa tem como característica uniformidade e consistência. Ela também traz uma parcela de calor, porém é muito menos significativa.
Em edifícios como escolas e escritórios, para evitar a incidência da luz direta sob os usuários e o ofuscamento, é mais interessante criar aberturas direcionadas para a visão de céu e menos visão de sol.
Já em alguns outros locais como hospitais ou residências, em que é necessário a criação de um ambiente saudável e que ofereça certo aquecimento passivo, é mais interessante priorizar a luz direta.
Com a luz direta você não consegue controlar o ofuscamento apenas utilizando um vidro mais escuro (de transmitância luminosa menor). Nesse caso, será necessário incluir um anteparo físico como brises, persianas ou cortinas.
Já com a luz difusa, ao escurecer o vidro, é possível controlar melhor o ofuscamento.
A luz refletida está no terceiro nível de hierarquia de luz natural. Quanto mais claras as superfícies, mais luz vai ser refletida ao redor do espaço.
A luz refletida têm sua importância, principalmente para alguns pontos dentro dos edifícios em que não há incidência de luz direta ou difusa. Para esses casos, a iluminação do ambiente se dará através da reflexão das superfícies.
Na imagem acima, supondo que esse corte seja um átrio de um shopping por exemplo, há um ponto que é iluminado apenas por luzes difusas (enxerga uma pequena parcela do céu).
Em alguns pontos em que não há nenhuma visão de céu (luz difusa), a iluminação dependerá do quão refletivas são as superfícies que circundam esse espaço.
Caso os pisos, paredes e tetos sejam de cores claras, a reflexão da luz difusa chegará a esses pontos.
A luz refletida também é importante para casos em que é necessária a incidência de luz difusa no espaço ou quando não pode haver luz direta incidindo sobre os usuários ou sobre os elementos que os usuários enxergam de maneira que causem desconforto.
A transmitância luminosa é um fator que informa a quantidade de luz natural que penetra através do vidro. Esse é o dado que os fabricantes fornecem e é muito importante para saber o quanto de luz um determinado vidro vai trazer aos espaços.
Por exemplo, um vidro monolítico comum de 3 mm tem aproximadamente uma transmitância luminosa de 92%. Isso significa que de toda a luz visível incidente do lado de fora, 92% passará para dentro do edifício.
No caso de um vidro laminado comum (sem nenhum tipo de cor na massa do vidro ou película refletiva) a transmitância luminosa é de aproximadamente 78% .
Como infelizmente o mercado não tem mais o costume de usar brises e elemento sombreadores, a solução é utilizar um vidro mais escuro e isso prejudica muito a luz natural nos edifícios.
Um vidro insulado comum tem uma transmitância luminosa de aproximadamente 78%. O ideal para escritórios é ter vidros de aproximadamente 30% ou 40% considerando a maior parte do território brasileiro que possui uma abundância de luz natural no seu céu.
No Brasil a norma de desempenho nbr 15575 exige níveis mínimos de iluminância, ou seja a luz incidente e medida em lux nos ambientes.
A imagem acima mostra uma simulação de iluminância de um edifício residencial que foi projetado de acordo com a norma de desempenho.
Basicamente a norma exige simular os edifícios, o que é bastante positivo porque faz com que os profissionais pensem minimamente na qualidade dos espaços.
Saiba mais sobre os requisitos de iluminação natural da norma de desempenho, clique aqui e veja o vídeo.