O Retorno Financeiro de Edifícios Sustentáveis -

O Retorno Financeiro de Edifícios Sustentáveis

O retorno financeiro de edifícios sustentáveis ainda gera muita discussão no mercado.

Em meio ao contexto de mudanças climáticas, preocupação com o clima e a intensificação do aquecimento global, no setor de investimentos uma nova “tendência” ganha cada vez mais força. Investidores estão cada vez mais criteriosos com a escolha dos ativos que irão compor sua carteira. Hoje, muitos consideram além da rentabilidade, a responsabilidade socioambiental das empresas como um fator decisivo.

Índice de Sustentabilidade Empresarial

Em 2005, a Bovespa criou o índice de sustentabilidade empresarial. Esse índice auxilia investidores que optam por investimentos mais sustentáveis e também incentiva empresas a adotarem estratégias socioambientais.

Para obter esse índice, uma empresa precisa ter seu ativo classificado como elegível – a B3 seleciona as 200 ações de maior liquidez que deverão preencher um questionário relativo aos fatores: econômico-financeiro, geral, ambiental, governança corporativa, social, mudança do clima e natureza do produto.

Essa ferramenta faz uma análise comparativa para destacar empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável e assim facilitar a tomada de decisão de investidores.

Retorno Financeiro da Certificação LEED

No mercado ainda há o mito de que edifícios sustentáveis são muito mais caros do que edifícios “comuns”. Mas os dados de diversas pesquisas já realizadas sobre o tema nos mostram o quanto o retorno financeiro de edifícios certificados pode ser mais atrativo em comparação com o restante do mercado.

O GBC (Green building Council) desenvolveu um documento contendo o resumo do trabalho “Are Green Labels More Valuable in Emerging Markets”, realizado em parceria com os professores Franz Fuerst, da Universidade de Cambridge, e Spenser J. Robinson, da Universidade de Central Michigan.

Estudos como esse nos ajudam a “visualizar” melhor os benefícios financeiros e alguns benefícios “intangíveis” gerados por edifícios sustentáveis. O que muitas vezes “preocupa” é que a adoção de algumas estratégias pode gerar maiores custos no estágio da construção, mas será que vale a pena ?

Para responder essa dúvida, no cálculo de aluguel/m² foram considerados os seguintes fatores:  idade do imóvel, certificação LEED, localização, tamanho, condições de mercado, segmento de mercado, padrão construtivo, entre outros.

A pesquisa focada em edifícios corporativos de São Paulo com certificação LEED (GBC), considerou 2.182 empreendimentos entre o primeiro trimestre de 2010 e o terceiro trimestre de 2014. Os aluguéis médios por m² de edifícios certificados foram R$43,45 superiores aos prédios disponíveis sem certificação.

Observou-se que, apesar de as certificações estarem em forte expansão, elas ainda representam uma pequena parcela no mercado imobiliário. Outro dado importante é que a adoção de selos verdes ocorre em sua maioria em edifícios corporativos.

Pesquisadores já comprovaram uma relação positiva entre a taxa de adesão e os selos ambientais. Em alguns locais, os dados de edifícios certificados são ainda mais significativos. Em grandes cidades dos EUA, por exemplo, os edifícios comerciais com certificados LEED e/ou Energy Star, representaram quase 50% das vendas entre 2007 e 2012, considerando empreendimentos classe A no país.

crescimento edifícios sustentáveis

Fonte: GBC

O gráfico acima mostra o crescimento de escritórios com certificação LEED em São Paulo.

64% dos edifícios certificados possuem até 4 anos, isso mostra que os empreendimentos com selos são geralmente os mais novos, além de terem um melhor padrão construtivo e estarem melhor localizados.

O fato de a maioria desses imóveis serem classe A, exige da pesquisa a necessidade de ter uma avaliação mais criteriosa para realizar um comparativo adequado com os imóveis não certificados.

Os gráficos abaixo mostram o comparativo dos edifícios certificação em relação ao restante do mercado no terceiro trimestre de 2014.

aluguel médio edifícios sustentáveis

Fonte: GBC

Ainda nesse período, considerando a amostra da pesquisa, 41% dos edifícios certificados LEED estão localizados na região Faria Lima/ Itaim:

retorno financeiro de edifícios sustentáveis

Fonte: Harvard University / GBC

Os dados acima são de pesquisa realizada nos Estados Unidos, Brasil, Alemanha, Turquia, Índia e China apenas em empreendimentos certificados LEED entre 2000 e 2016 com
abordagem na redução de energia, benefícios na saúde do ocupante e mudanças climáticas. A amostragem representa 82% dos empreendimentos certificados LEED no mundo.

empreendimentos certificados LEEED no Brasil

Fonte: GBC Brasil 05/2007 – 03/2018

Segundo dados do GBC, o Brasil (de 05/2007 a 03/2018) estava em 4º lugar em número de projetos certificados LEED.

Em uma análise de 3 estudos de caso apresentado à Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, foi verificado tempo de retorno do investimento de dois anos para um edifício com certificação LEED categoria Silver e de 3 anos para outros dois de categoria Gold e Platinum, sendo assim a taxa de retorno anual é de 50% e 33%, respectivamente. (Fonte: CAU MT)

Comparativo de Rentabilidade Entre Edifícios Sustentáveis e Outros Tipos de Investimentos

Entre o período de janeiro a novembro de 2019, o comparativo de investimentos atrelados ao CDI mostrou que edifícios sustentáveis tiveram uma média mensal de rentabilidade superior mesmo quando comparado a investimentos de renda variável:

retorno financeiro de edifícios sustentáveis - tabela comparativa de rentabilidade

Fonte: CAU MT / GOV

Além da obtenção de selos, a adoção de estratégias sustentáveis em um projeto agrega valor ao imóvel e proporciona uma importante economia de recursos em operação. Outro dado importante de ser mencionado é relação à mudança no comportamento do consumidor. A cada nova geração, o mercado consumidor se preocupa mais com questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável e consumo consciente.

“Uma pesquisa da Nielsen de 2018 revelou que há uma lacuna enorme entre gerações em se tratando de potencial de compra de produtos sustentáveis. Os Millenials são duas vezes mais propensos do que os Baby Boomers (seus pais), a mudarem seus hábitos para reduzir seu impacto ambiental (75% vs. 34%). Eles também são mais propensos a pagar a mais por produtos contendo componentes ou ingredientes mais sustentáveis ou de baixo impacto ambiental (90% vs. 61%), ou produtos que praticam responsabilidade social (80% vs. 48%). ” Afirma, Marcelo Nudel (Fundador e sócio-diretor da Ca2 Consultores)

Os dados das pesquisas que incluímos nesse post mostram que investir com foco em sustentabilidade, além de fazer bem ao meio ambiente é uma excelente oportunidade quando consideramos itens importantes como a rentabilidade e tempo de retorno do investimento.

Leia também: Quanto custa a sustentabilidade de uma edificação? 

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