Arquitetura sustentável é a prática de projetar com o objetivo de minimizar o impacto ambiental das construções. Não é novidade dizer que o setor da construção civil é um dos que mais impacta o meio-ambiente pré e pós-ocupação. No Reino Unido, por exemplo, cerca de metade das emissões de carbono (co²) são provocadas pelos edifícios. No mundo todo, a arquitetura é responsável por 40%-50% dos resíduos em aterros e por 20%-30% da emissão de gases que intensificam o efeito estufa. (Fonte – resing design studio Uk )
A construção civil é responsável por mais de 35% do uso de energia e 40% da emissão de gases relacionado ao uso dessa energia. (Fonte – Relatório de situação global do meio ambiente – ONU – 2017)
Imagem: Praça 4 – Hype Studio- Arquitetura, foto – Cristiano Bauce – Archdaily
A forma como um edifício é projetado ou operado precisa ser muito bem pensada nas etapas antes da construção. Mais do que pensar na função, conforto e estética, o arquiteto precisa, nos estágios iniciais, ter a habilidade de olhar para o uso dos recursos, utilização de materiais e aplicar estratégias passivas capazes de promover o conforto ambiental e a eficiência energética das edificações.
A arquitetura sustentável:
Além de beneficiar o meio-ambiente, e gerar custos operacionais reduzidos, a arquitetura sustentável ainda pode ser um investimento muito mais rentável quando comparamos com construções comuns.
Confira o artigo: O Retorno Financeiro de Edifícios Sustentáveis
A arquitetura sustentável tem o principal objetivo de criar ambientes saudáveis ao mesmo tempo em que se reduz os danos ambientais. A sustentabilidade na arquitetura pode estar presente na escolha de materiais, nas escolhas de projeto (orientação, aberturas, etc), no uso de recursos e até nos métodos de construção.
Imagem: Centro Comunitário Springvale / Lyons
Um projeto assertivo em termos de funcionalidade e fatores ambientais é capaz de afetar positivamente a saúde e qualidade de vida dos ocupantes. Projetar de maneira eficiente e inteligente é utilizar soluções integradas e tecnologias sustentáveis.
As certificações ambientais têm um papel importante na evolução da construção em termos de sustentabilidade. O LEED por exemplo, traz ganhos na busca por construções com menor impacto ambiental, estimulando a adoção dessas práticas no mercado.
Os sistemas de certificação são ótimos guias de boas práticas. Mesmo que você já aplique algumas práticas sustentáveis em seus projetos, sempre poderá encontrar boas ideias de estratégias adicionais para melhorar o produto final.
É importante comentar que toda construção, mesmo obtendo a anuência de certificações reconhecidas internacionalmente, causará algum impacto ambiental e consumirá insumos que não poderá repor ao meio ambiente.
Confira o artigo: Como escolher a certificação ambiental
Existem diversas maneiras de projetar com foco na sustentabilidade que incluem o uso dos materiais, energia, recursos, planejamento do espaço, estudo do clima e outros fatores. Utilizar técnicas passivas também é uma prática sustentável que oferece um melhor aproveitamento da radiação solar, da ventilação e iluminação natural.
Imagem: Espaço de Produção Orgânica Integrada da Índia / Studio Lotus
A arquitetura sustentável diz respeito à preocupar-se com a qualidade do ambiente interno, com ventilação adequada, uso de materiais que não emitam gases tóxicos, iluminação natural suficiente e controle de temperatura.
Atualmente há uma gama enorme de materiais ecológicos, recicláveis ou renováveis. Com as variedades existentes no mercado, fica mais fácil optar por materiais que se preocupam com a quantidade de energia utilizada na fabricação, por exemplo.
Se atentar para a origem dos produtos, selecionando por fatores regionais, auxilia no apoio e fortalecimento de economias locais, e geram menor impacto por reduzir a distância de deslocamento no transporte. A madeira por exemplo, precisa ser certificada, isso atesta que a retirada é feita de maneira responsável e com a preocupação de reflorestar.
Sistemas de aproveitamento de águas pluviais são um ótimo exemplo de sustentabilidade aplicada aos recursos naturais. Os solos impermeáveis, como asfaltos e cimento, atrapalham o processo de retorno da água para reabastecer os lençóis freáticos.
Acrescentar uma pavimentação permeável, auxilia a reduzir o escoamento da água para bueiros e esgotos. Assim, com lagoas de retenção para capturar essa água, minimiza-se o impacto ambiental, possibilitando o reaproveitamento dessa água para irrigação por exemplo.
Utilizar painéis solares e acessórios que reduzem o fluxo da água, são soluções que proporcionam um melhor aproveitamento dos recursos naturais.
A utilização de energias sustentáveis é um importante passo na hora de projetar, são bons exemplos: a energia eólica, geotérmica e solar. A eficiência energética de uma edificação pode ser melhorada de várias formas. Considerando as características do clima local, o arquiteto precisa realizar estudos para determinar a orientação de forma que consiga ter um melhor aproveitamento da posição do sol, da iluminação, dos ventos e das mudanças de estações.
Como já mencionamos em outros artigos, estratégias de conforto ambiental reduzem a necessidade de resfriar ambientes ou depender totalmente do uso de equipamentos condicionadores de ar. Logo, é fundamental observar fatores ambientais para que se possa construir com eficiência e gerar uma importante economia energética na ocupação das edificações.
Para isso, o isolamento térmico correto irá fornecer proteção contra ganhos de calor excessivo, assim como a aplicação de sistemas de sombreamento em fachadas, como os brises-soleil.
O paisagismo também deve ser pensado observando a necessidade de irrigação das espécies. Por esse motivo, a utilização de plantas nativas contribui com a economia de água. O plantio de determinadas árvores favorece o sombreamento e proteção contra a rígida radiação solar.
Imagem: Edifício Consorcio Santiago / Enrique Browne + Borja Huidobro
O telhado verde é outra possibilidade de utilizar vegetação para construir de forma mais sustentável, quando comparado com outros sistemas de cobertura, ele proporciona maior isolamento térmico, reduzindo os ganhos de calor produzidos pela radiação solar. Esse tipo de telhado, diminui as cargas térmicas que entram através da cobertura melhorando o conforto térmico e eficiência energética nos edifícios.
Infelizmente, muitos ainda fazem o uso do termo “sustentável” de forma exagerada, apenas como um argumento de marketing , prática conhecida como greenwashing. Isso não deve ser aceito e o mercado consumidor está cada vez mais exigente em relação a isso.
Como vimos, existem inúmeras possibilidades para aplicar a sustentabilidade em seus projetos. Mas, apesar dos avanços, alguns desafios ainda impedem a sustentabilidade na arquitetura evoluir em passos mais rápidos. Um deles é a crença de que construir com práticas sustentáveis é muito mais caro. Porém, a longo prazo, a economia gerada traz retornos significativos. Por isso, é importante ter o auxilio de uma consultoria especializada capaz de nortear com estudos técnicos as melhores decisões de projeto. Conheça o nosso trabalho na gestão para implementação de tecnologias sustentáveis e certificações ambientais.
Imagem destaque: Centro comunitário de saúde – Santiago (Chile) – Luis Vidal Arquitetos